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Lev Semenovitch Vygotsky (1896-1934)
Filho de uma próspera família judia, formou-se em ballet pela Universidade de Moscovo em 1918. Durante o seu período académico estudou simultaneamente Literatura e História na Universidade Popular de Shanyavskii. No ano de seu bacharelado em Direito (1918), retornou para Gomel, onde havia anteriormente leccionado. Seis anos mais tarde, aos 28 anos de idade, desposou Rosa Smekhova, com quem teve duas filhas. Ainda em Gomel, ministrou um curso de Psicologia no "Instituto de formação de Professores" onde implantou um laboratório de Psicologia. No mesmo período fundou uma editora e publicou uma revista literária. Apesar da sua formação em Direito, destacou-se à época pelas suas críticas literárias e análises do significado histórico e psicológico das obras de Arte, trabalhos que posteriormente foram incorporados no livro "Psicologia da Arte", escrito entre 1924 e 1926, incluindo naturalmente a tese de doutorado sobre Psicologia da Arte, que defendeu em 1925. O seu interesse pela Psicologia levou-o a uma leitura crítica de toda produção teórica da sua época, nomeadamente as teorias Gestaltista, da Psicanálise e o "Behaviorismo", além das ideias de Jean Piaget. As obras desses autores são citadas e comentadas nos seus diversos trabalhos, tendo escrito prefácios para algumas das suas traduções ao idioma russo. Tendo vivido a Revolução Russa de 1917, bem como estudado as obras de Karl Marx e Friedrich Engels, a partir das proposições teóricas do materialismo histórico, propôs a reorganização da Psicologia, antevendo a tendência de unificação das Ciências Humanas no que denominou como "psicologia cultural-histórica". Entre os seus trabalhos de campo incluem-se, visitas às populações camponesas isoladas, do seu país, fazendo testes neuropsicológicos entre as aldeias nómades do Uzbequistão e do Quirguistão (Ásia Central), antes e depois do realinhamento cultural e sócio-económico da revolução socialista, que incluía alfabetização, cursos rápidos de novas tecnologias, organização de brigadas, fazendas colectivas e outros, como descreve Alexander Luria no seu ensaio sobre diferenças culturais e o pensamento (Vigotsky et al., 1988). A experiência vivida na formação de professores levou-o ao estudo dos distúrbios de aprendizagem e de linguagem, das diversas formas de deficiências congénitas e adquiridas, a exemplo da afasia. Complementando a sua formação para estudo da etiologia de tais distúrbios, graduou-se em Medicina retomando o curso iniciado e substituído por Direito em Moscovo e retomado e concluído em Kharkov. O seu interesse em Medicina estava associado à manutenção do grupo de pesquisa ("troika") de neuropsicologia com Alexander Luria e Alexei Nikolaievich Leontiev. As suas principais contribuições à defectologia estão reunidas no livro "Psicologia Pedagógica". Graças a uma conferência proferida no "II Congresso de Psicologia" em Leningrado, foi convidado a trabalhar no Instituto de Psicologia de Moscovo. O seu interesse simultâneo pelas funções mentais superiores, cultura, linguagem e processos orgânicos cerebrais, pesquisados por neurofisiologistas russos, com quem conviveu, especialmente Luria e Leotiev, em diversas contribuições no "Instituto de Deficiências de Moscovo", na direcção do departamento de Educação (especial) de Narcompros, entre outros institutos, além das publicações sobre o tema, encontram-se reunidos na obra "A Formação Social da Mente", onde aborda os problemas da génese dos processos psicológicos tipicamente humanos, analisando-os desde a infância à luz do seu contexto histórico-cultural.
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