O envelhecimento

O que é o envelhecimento?

O processo de envelhecimento e as mudanças a ele associadas constituem um dos temas de maior interesse na actualidade. Sobre o envelhecimento têm-se procurado respostas a questões acerca das mudanças que ocorrem, causas e consequências, e domínios passíveis de intervenção para retardar ou travar esse processo.

 

Embora complexo, trata-se de um fenómeno que apresenta algumas características:

 

  • É normal, gradual e universal. Ou seja, implica um conjunto de transformações que ocorre em todos os seres humanos com a passagem do tempo, independentemente da sua vontade.
  • É irreversível. Apesar de todos os esforços e avanços da ciência nada (até agora) impede ou reverte o processo de envelhecimento.
  • É único, individual e heterogéneo, uma vez que depende da interacção de factores internos (como o património genético) externos (como o estilo de vida, educação, ambiente e condições sociais). São estas interacções que explicam a diversidade e
  • heterogeneidade do envelhecimento humano.

Actualmente, distinguem-se três vertentes do envelhecimento:

  • a biológica;
  • a psicológica;
  • a social.

 

O envelhecimento biológico, designa as transformações que ocorrem nos sistemas orgânicos e funcionais reduzindo a sua capacidade biológica de auto-regulação e, consequentemente, diminuindo a probabilidade de sobrevivência. A diminuição da densidade óssea, a flacidez da pele, a perda de cabelo e o surgimento de cabelos brancos, o decréscimo da massa muscular ou a diminuição da acuidade visual ou auditiva são algumas das modificações normais do processo de envelhecimento.

 

O envelhecimento psicológico, refere-se à evolução dos processos cognitivos (como a inteligência, memória, aprendizagem, criatividade) e ao desenvolvimento de competências comportamentais e emocionais que permitam à pessoa ajustar-se às modificações que ocorrem com a idade. As alterações cognitivas situam-se entre o declínio ligeiro e o moderado (como por exemplo, ao nível da velocidade perceptiva, da memória de trabalho ou da atenção complexa), havendo áreas em que o desempenho se mantém ou melhora (por exemplo, o fundo de conhecimentos ou o vocabulário). O ajustamento saudável às mudanças internas e

externas impostas pelo envelhecimento depende do desenvolvimento, ao longo da vida, de um conjunto competências associadas à maturidade (por exemplo, aceitação de si e dos outros, abertura a novas experiências, compaixão, a harmonia interior, resistência à frustração, encontrar um sentido para a vida).

 

O envelhecimento social, encontra-se marcado pela cultura e história de cada sociedade e refere-se ao desempenho de papéis sociais ajustados às expectativas da sociedade em que a pessoa se insere. Caracteriza-se pela mudança de papéis, implicando a perda de alguns (por exemplo, o de profissional) e o ganho de outros (nomeadamente, o de avós).

 

 Estereótipo é a imagem preconcebida de determinada pessoa, coisa ou situação. São usados principalmente para definir e limitar pessoas ou grupo de pessoas na sociedade

Socialmente, no caso dos idosos, a valorização dos estereótipos projecta sobre a velhice uma representação social gerontofóbica e contribui para a imagem que estes têm se si próprios, bem como das condições e circunstâncias que envolvem a velhice, pela perturbação que causam uma vez que negam o processo de desenvolvimento.

Este problema surge, quando o fenómeno de envelhecer é considerado prejudicial, de menor utilidade ou associado à incapacidade funcional. A rejeição e rotulagem de um grupo, em particular de indivíduos, desenvolvesse porque as características individuais com traços negativos, são atribuídos a todos os indivíduos desse grupo. Assim a palavra ”velhote” descreve os sentimentos ou preconceitos resultantes de micro-concepções e dos “mitos” acerca dos idosos. Os preconceitos envolvem geralmente crenças, de que o envelhecimento torna as pessoas senis, inactivas, fracas e inúteis (Nogueira, 1996).

No “mundo civilizado” de hoje, a velhice é tida como uma doença incurável, como um declínio inevitável, que está votado ao fracasso. Esta postura social atingiu tal dimensão, que Louise Berger (1995) chega mesmo a afirmar, que abundam hoje “ideias feitas e preconceitos relativamente à velhice. Os “velhos” de hoje os “gastos” os “enrugados” cometeram a asneira de envelhecer numa cultura que deifica a juventude”

 

Estereótipos mais frequentes relativamente aos idosos:

 

  • Os idosos não são sociáveis e não gostam de se reunir;
  • Divertem-se e gostam de rir:
  • Temem o futuro;
  • Gostam de jogar cartas e outros jogos;
  • Gostam de conversar e contar as suas recordações;
  • Gostam do apoio dos filhos;
  • São pessoas doentes que tomam muita medicação;
  • Fazem raciocínios senis;
  • Não se preocupam com sua aparência;
  • São muito religiosos e praticantes;
  • São muito sensíveis e inseguros;
  • Não se interessam pela sexualidade;
  • São frágeis para fazer exercícios físicos;
  • São na maioria pobres.

 

Concluindo:

  • O processo de envelhecimento apresenta grandes variações individuais, em ambos os sexos.
  • A forma como é vivenciada a experiência de relacionamento com os outros na idade adulta avançada está dependente do modo como foram geridas as relações interpessoais nas fases anteriores do ciclo de vida.
  • Os idosos precisam tanto de estabelecer relações de intimidade satisfatórias como as pessoas mais novas.
  • Os interesses e a actividade sexual não cessam numa idade cronológica específica. Ser sexualmente activo é algo que pode ocupar um lugar importante na vida das pessoas mais velhas, ainda que as manifestações desse desejo sexual e o próprio acto sexual em si possam assumir novas expressões.
  • A condição de saúde deve ser vista como um factor de crucial relevância na compreensão do comportamento sexual e da satisfação sexual entre a população idosa.